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sábado, 9 de julho de 2011

MENINAMULHER (BY EVALDO DA VEIGA)

MENINA MULHER

Evaldo da Veiga

Foi bem diferente e gostoso o encontro.
Percebi logo, que abrigava em si,
uma incrível multiplicidade de seres.

Percebi ainda, que ela tinha uma certa experiência
e já passara por diversos caminhos:
algumas vezes agredida, noutras agressora.

A despeito de ataques e defesas,
persistia na busca do gozo verdadeiro,
vindo através do carinho,
dedicação e amor.

Assim, agia com brandura, ferocidade e insolência.

Quando podia era atenciosa e sutil nas observações,
sob influência de seu faro felino e inteligente.

Soava de si um certo tom implacável quando insatisfeita.

Terna e meiga quando se sentia compreendida,
e sorria em seu jeitinho de criança esperançosa.

Muitas vezes a vi indócil na tarefa difícil
de harmonizar seus seres,
e considerava notável seus esforços de
se manter menina-crente em seu corpo adulto.

Numa única mulher, um conjunto de seres,
muitas vezes muito estranhos entre si.

Mas se era o gozo que chamava, os seres se harmonizavam
em consonância com a delícia e o belo.

No ato de buscar ela envolvia espera e fazer :
esperava na tolerância do lado feliz,
 e fazia qualquer coisa feia quando triste e amargurada.

Seus ataques sempre visavam uma defesa,
que podia ser de si ou de outrem.

Por si, se satisfeita, não atacava jamais:
era um bichinho manso, inteligente e carinhoso.

No geral, o que percebi no primeiro encontro,
é que estava diante de uma Loba faminta,
agressiva por excelência, às vezes...

Mas em sua multiplicidade, logo se manifestava
aquele jeitinho doce, num joguinho lindo
de transmudação.

E chegava à paz que me permitia sentir o seu cheiro
forte de mulher sincera no cio, dispondo-me
sua carne suave, em um ânimo angelical e vadio.

Por derradeiro, percebi estar perante um misto lindo,
de Santa e Profana,

Assim como Maria Madalena, protegidas em suas Áureas de
DECÊNCIA ELOQUENTE,
alguma vez alegres, muitas vezes tristes.

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